Monday, May 4, 2009

A causalidade que não pretendo entender – Damasco/Síria


Complicada esta parte da viagem. Eu estava em Bingol/Turquia, a menos de 700 km de Trabzon, no qual pretendia tentar o visto iraniano novamente, quando resolvi voltar a Damasco.

Não vou me alongar tentando explicar o inexplicável, nem vou tergiversar com asneiras. Mas o relato de um fato talvez sossegue a alma e prove que, às vezes, a resignação é o que me resta.

Assim que cheguei no hotelzinho El Riyad, no qual passei boa parte de meu tempo na capital síria, Abu Abduh, dono do estabelecimento, me contou que meu colega de quarto curdo, Abu Rashedi, principal motivo de minha ida ao Curdistão iraquiano, havia sido preso.

Três dias após a minha partida, a polícia o seguiu e prendeu no hotel às quatro da manhã. Ele e mais um bando de doze homens estavam assaltando casas da região. Eis a razão de ele voltar praticamente todos os dias de madrugada.

Já havia aprendido com Vinícius que a vida é a arte do encontro, mas, pela primeira vez, percebi nos desencontros amargurados, nas desgraças desnecessárias e nos erros estúpidos uma causalidade que está muito além de minha compreensão. Nessas horas, não resta muita coisa além de me sentar à janela e deixar a vida escapar.

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