Friday, September 19, 2008

Desconsiderem o abaixo-assinado...

Estou falando com o Edson Suzuki e iremos criar um outro melhor.

Então, desconsiderem o que citei anteriormente.

Abs

Fernando

Thursday, September 18, 2008

Carta aberta de Edson Bakairi

Carta Aberta do Movimento Indígena contra o infanticídio

Ao Excelentíssimo Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à Primeira Dama D. Marisa e à Nação Brasileira.

Nós, indígenas do Mato Grosso e do Brasil, pedimos a sua atenção para os casos de infanticídio que ocorrem impunemente nas aldeias indígenas do Brasil.

O infanticídio não é um fato novo, infelizmente sempre esteve presente na história das culturas indígenas. Entretanto, tem ganhado a visibilidade na mídia com a divulgação da história da menina Hakani, da etnia Suruwahá, a qual sobreviveu ao infanticídio após o suicídio de seus pais e irmãos.

Estamos vivendo um momento de profunda mudança em nossa cultura e estilo de viver, porque vivemos hoje um novo tempo. A realidade dentro das comunidades indígenas é outra. Já não vivemos confinados em nossas aldeias, condenados ao esquecimento e à ignorância. O mundo está dentro das aldeias, através dos meios de comunicação, da internet e da escola, o acesso à informação tem colocado o indígena em sintonia com os acontecimentos globais.

Tudo isso tem alterado nossa visão de mundo. Hoje já não somos meros objetos de estudos, mas sujeitos, protagonistas de nossa própria história, adquirindo novos saberes e conhecimentos que valorizam a vida e a nossa cultura.

Somos índios, somos cidadãos brasileiros! Vivendo na cidade ou na aldeia, não abandonamos as riquezas de nossas culturas, mas julgamos que somos plenamente capazes de distinguir entre o que é bom e o que é danoso à vida e a cultura indígena. Desde já, assumimos as responsabilidades de nosso destino e de fazer escolhas que contribuam para o nosso crescimento. Nos recusamos ativamente a ser meros fantoches nas mãos de organizações científicas e de estudos. Chega de sermos manipulados pelas Organizações Governamentais e não-Governamentais!

Portanto manifestamos nosso repúdio à prática do infanticídio e a maneira irresponsável e desumana com que essa questão vem sendo tratada pelos Órgãos Governamentais. Não aceitamos os argumentos antropológicos baseados no relativismo cultural. De acordo com a nossa própria Constituição Brasileira de 1988, que em seu artigo 227, determina:

"É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão."

É em nome deste preceito constitucional que nos dirigimos suplicando à nação brasileira, em especial ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e à Primeira Dama D. Marisa assim como aos Congressistas e Governantes Estaduais e Municipais manifestando a nossa indignação com a falta de respeito à vida, em especial as vidas das crianças vítimas do infanticídio.

O recente caso da menina Isabela (Nardoni ) alcançou tal repercussão na mídia, que de imediato nós vivenciamos a dor e a angústia de sua família: parecia que Isabela era alguém da nossa própria família. Toda a nação brasileira se comoveu e se encheu de indignação com tamanha violência, acompanhando e exigindo justiça a partir de então. Quanto à punição dos suspeitos, a Justiça tem feito seu papel, e a sociedade está em alerta contra a violência infantil. Mas nós perguntamos será que a vida da Isabela tem mais valor do que aquelas crianças indígenas que são cruelmente enterradas vivas, abandonadas na mata, enforcadas por causa de falsos temores e falta de informações dos pais e da comunidade? NÃO!

Não aceitamos o infanticídio como prática cultural justificável, não concordamos com a opinião equivocada de antropólogos que têm a pretensão de justificar estes atos e assim decidir pelos povos indígenas colocando em risco o futuro de etnias inteiras. O direito a vida é um direito fundamental de qualquer ser humano na face da terra, independentemente de sua etnia ou cultura.

Ao Excelentíssimo Senhor Presidente, a Primeira Dama D. Marisa, Senhores Congressistas, Governantes Estaduais e Municipais e a cada cidadão brasileiro: os direitos humanos estão sendo violados no Brasil!! Milhares de crianças já foram enterradas, enforcadas ou afogadas e quantas mais deixaremos passar por tal crueldade?

Nosso movimento espera que a Lei Maior de nosso país seja respeitada, isto é, independentemente de etnia, cor, cultura e raça, todas as crianças gozem do direito à vida.

Nesse sentido:
- Pedimos que a Lei Muwaji seja aprovada e regulamentada;
- Pedimos ao Excelentíssimo Senhor Presidente Luís Inácio Lula da Silva e a sua esposa que pessoalmente interfiram nesse processo;
- Pedimos que os Órgãos competentes não mais se omitam em prestar socorro às mães e as crianças em risco de sofrer infanticídio.
Nós, abaixo assinados, concordamos com os termos da carta aberta e juntos com os seus autores, pedimos aos governantes do País em todas as instâncias, providências ao combate e a erradicação do infanticídio, para que assim o sangue inocente não seja mais derramado em solo indígena, em solo brasileiro.

Mato Grosso, Junho de 2008
Movimento contra o infanticídio indígena.
Contato: edsonbakairi@hotmail.com.

Edson Bakairi é líder indígena em Mato grosso, professor licenciado em História com especialização em Antropologia pela UNEMAT, presidente da OPRIMT (Organização dos professores Indígenas de MT) por 3 anos e é sobrevivente de tentativa de infanticídio - abandonado para morrer na mata, foi resgatado e preservado com vida por suas irmãs.

Wednesday, September 17, 2008

Lissarina


Acho que os criadores de Monstros S/A se basearam na Lissarina para criar a Bu. Ao menos a linguagem que usam é a mesma, Wai-wai.





Saturday, September 13, 2008

Aquarela brasileira

Meus queridos amigos,

agradeço pela preocupação, demonstrada em muitos e-mails, com minha condição física. Espero que os próximos posts lhes transpareçam o quão tranqüila (e gorda) foi a viagem nestes últimos dias.

Em resumo, graças a amabilidade das pessoas que cruzaram o meu caminho, alimentei-me muito bem, dormi sentado pouquíssimas vezes e estive bem longe de me assemelhar aos cães que procuravam um lugar quentinho ao lado do calefator e rondavam os bancos a farejar migalhas de simpatia nas rodoviárias argentinas.

Nesta etapa da viagem, encostei meu guia da FOOTPRINT e deixei de consultar o Loonely Planet dos gringos; passei a complementar as informações da Secretaria de Turismo com as da de Assistência Social; troquei a cama pela rede e a rodoviária pelo posto de gasolina ou pelo porto; e confiei nas informações de frentistas, caminhoneiros, chapas e estivadores. Por conta de tudo isso, consegui fechar as contas em menos de R$8,00 por dia (depois de perder a camera no Paraguai, decidi que iria conter custos para comprar uma nova. Ainda que pouco tempo depois tenha adquirido uma outra de graça - vocês irão ler - julguei que por estar no meu país de origem tinha a obrigação de conseguir me virar só com este valor. Tudo isto foi possível graças as pessoas que conheci, e de maneira alguma considero minha façanha).

Assim, divido minhas "férias" em três partes:
- Pelo Centro-Oeste (MS,MT,GO,DF) - 12/07 a 06/08;
- Pelo R. São Francisco (MG, BA, PE) - 07/08 a 15/08;
- Pelo R. Amazonas e afluentes (PA, AM, RO e AC, incluindo PE, PI e MA que foram percorridos para se dar início à expedição em Belém do Pará) - 16/08 a 18/09.

No Centro-Oeste, destacam-se a beleza do Pantanal e a seqüência de boas açoes, da qual fui o maior beneficiado, oriundas de pessoas que passaram por verdadeiros perrengues, e são dignas do adjetivo corajosos. Não posso me esquecer do apoio incondicional de familiares que não via há anos e das experiências em igrejas evangélicas.

Pelo Rio São Francisco, foram engraçadas as negociações com um pescador para a compra de um barquinho à remo, além da convivência com uma senhora que diz ter 95 anos e da carona com um caminhoneiro totalmente "arrebitado". E tem também a quebra de um recorde mundial: o de tempo necessário para se receber um convite feminino para se dormir em sua casa.

Já pelo Amazonas, comprovei que a viagem me ensinou a comer tudo aquilo que está no prato e não me morde primeiro. O que me rendeu uma boa diarréia, compensada por melhores refeições em barcos nos quais trabalhei de estivador. Também pude rever um querido amigo, que me trouxe muitas alegrias e reflexões, além de participar de um encontro evangélico indígena em Itacoatiara/AM. Ah, no caminho, em São Luis do Maranhão, conheci também pessoas fantásticas que se tornariam inesquecíveis amigos.


Enfim, viajar pelo Brasil representou as férias da viagem. A diversão foi tão grande e os momentos de solidão tão poucos que fui bastante displicente em relação ao meu diário. Espero não me esquecer de nenhum detalhe, ao mesmo tempo que não quero tornar a leitura de vocês enfadonha (também para isto aumentei o número de fotos). De qualquer maneira, só sairei daqui (Rio Branco/AC) quando terminar esta tarefa e, para meu próprio bem, dada as condições do Departamento de Pando - Bolívia, acredito que será prudente gastar uns dias a mais na terra do Enéas (esperavam Chico Mendes?).

Não queria acabar com generalizações, mas sem dúvida a beleza do Brasil está, em primeiro lugar, na beleza de seu povo. Espero que se divirtam nesta viagem pela aquarela brasileira tanto quanto eu.

"Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emoldura em aquarela o meu Brasil"

http://www.youtube.com/watch?v=u0XTCVjyzAE