Tuesday, October 21, 2008

Frequently Asked Questions

1 – O que voce busca?
As vezes, penso que seria menos decepcionante para as pessoas se eu dissesse que meus país morreram, ou que tenho uma doença terminal e que quero aproveitar intensamente meus últimos días de vida. Menos dramático seria dizer que trabalho na Discovery Channel, ou que quero escrever um libro sobre a viagem. Isto porque o fato de eu dizer que nao busco nada especifico, somente a melhor experiencia possivel e, talvez, uma alema, avulta a consciencia dos que nao aceitam o fato de eu viajar sem ter nenhuma outra motivacao mais, como dizer, profunda (?). Assim, natural e jocosamente, estas pessoas descambam para seguinte explicaçao: sou louco.

2 – De onde veio a ideia?
Como ja disse, ate os meus 20 anos de idade, viajar era ir a praia com meus amigos ou visitar meus parentes no Parana no final de ano.
A dimensao atual eu extrai, precisamente, do relato de um amigo do DAGV, Joao Zanini. Ele estava viajando de primeira classe em um trem no Egito quando pensou que, para conhecer verdadeiramente o pais, seria necesario se juntar aos modestos passageiros da classe economica. Assim, largou os companheiros gringos e as batatas fritas para ficar sentado num assento quebrado rodeado de egipcios ate perceber que uma melhor opcao seria dormir no bagageiro do vagao… Nao espero que voces sintam o que senti quando li isto, tao pouco que entendam. Mas foi exatamente o que me incitou a fazer esta viagem.

3 – Por que tanto sofrimento?
Muitas vezes, apos dizer que passei frio ao dormir em rodoviarias, que dormi sobre frangos congelados, ou que viajei na carrocería de um caminhao por mais de dez horas, as pessoas me perguntam se tenho fetiche por chicote e cabresto.
Quando lia os relatos do Joao, nao tinha do, porque sabia que daquela forma, ele estava vivendo. Por favor, sintam algum outro sentimento mais elevado, como raiva e saudade, do que dó de mim.

4 – Seus pais estao vivos?
Vivos e bem casados, obrigado. Parentesis: essa pergunta me lembra outra bastante comum em Sao Paulo: “É casado? Tem filhos?”.

5 – Nao sente falta de seus pais?
Sakyamuni, ou Siddharta Gautama – o Buda, disse que e quente ter pai, mae, irmao e irma. E evidente que muitas vezes sinto frio.

6 – Por que nao pega dinheiro com seus pais?
Eu peguei. O seguro de saúde (achei o acento), a pesar (o Word insiste em deixar separado o “a” do “pesar”) de eu dizer que nao precisava, as vacinas e os livros foram custeados por eles. Além disso, quando os 300 dólares de minha conta bancária representam, na verdade, uma dezena de noites mal dormidas, centenas de horas-extras e algumas varizes, multiplico este valor por mil.

7 – Por que sozinho?
Viajar sozinho é mais fácil para tudo: pegar carona, conseguir um lugar para dormir, fazer novas amizades, pagar a passagem de volta para casa; mas também, para ser assaltado, cair numa cilada, cometer erros… De qualquer maneira, viajar sozinho também faz parte da busca pela melhor experiencia.

8 – Já está na condiçao de “impegável”?
Quando sinto meu corpo suado e grudento após alguns dias sem uma chuveirada, ou vejo meu cabelo comprido e seboso, e minhas roupas de 150 dias manchadas e encardidas, surpreendo-me com a tara étnica que faria até o Mestre Miyagi (aquele do Karate Kid) se tornar irresistible para as caboclas amazonenses, as sertanistas baianas ou as cholas (tradicionais senhoras andinas) bolivianas.

9 – Quando viaja para o Egito?
Por enquanto, 17/11: Caracas-Madri-Cairo.

10 – Já pensou em desistir?
Nao vou ser boçal para dizer que desistir nao existe no meu vocabulario, a pesar (de novo o Word) de eu ser muito orgulhoso. Mas, em desistir, ainda nao. Contudo, a fase, única até o momento, em que questionei as razoes da viagem foi a da Argentina, ou melhor, foi a posterior a Yuba.
Logo no início da jornada, a pesar de me sentir convicto em relacao ao propósito da capoeira, me deparei com esta comunidade amarela que me fez cuestionar o significado de tudo, incluindo o de minha vida (pode parecer tosco, mas realmente foi profundo). Ha muito tempo nao sentia uma paz como aquela, e tive uma forte síndrome de abstinencia nos dias posteriores.

11 – Esta se alimentando direito?
Pregunta frecuentemente feita pelas mulheres (inclui mae, prima, amigas). Estou me alimentando bem, a pesar de nao comer tanto quanto como quando estava em casa, obviamente. Alem disso, tenho reserva, a qual, pela primeira vez, parece estar diminuindo (mais por nao tomar cerveja, penso eu, do que por comer menos).

12 – Quando volta para o Brasil?
A única pregunta que, no momento, nao sei responder. Mas fiquem tranquilos, pois nao me tornarei um hippie ou alguém que tenha a viagem como um estilo de vida… Este vírus ainda está no seu auge, mas um dia deixa este hospedeiro.

PS: o autocorretor do Word pode ter alterado algunas palabras (viram?).

1 comment:

Anonymous said...

A falta de cerveja, pelo menos, te deixou sem barriguinha! Uhuhuhuhu...